ANIVERSÁRIO: Aos 94 anos, Guajará-Mirim é o berço histórico de Rondônia
10 de Abril, aniversário da "Pérola do Mamoré"
Neste segunda-feira (10), Guajará-Mirim, na margem direita do rio Mamoré, faz 94 anos. Foi desmembrada de Santo Antônio do Rio Madeira pela Lei nº 991, de 12 de julho de 1928. Até então conhecido apenas no estado vizinho, da qual fora desmembrado, este município da fronteira Brasil-Bolívia, a 362 quilômetros de Porto Velho, passou a existir para o mundo quando lembrado por Strauss, notável fundador da antropologia estruturalista, que deu aulas de sociologia na Universidade de São Paulo (USP) e morreu em novembro de 2009, aos cem anos.
Com 46 mil habitantes, é o oitavo município em população no Estado de Rondônia. Segundo em extensão territorial, tem área de 24,8 mil quilômetros quadrados e ganhou em 2008, do Instituto Ambiental Biosfera, no Rio de Janeiro, o título de Cidade Verde, em razão do mosaico de áreas protegidas no interior do município.
“Até o início do século XIX, Guajará-Mirim era apenas uma indicação geográfica para designar o ponto brasileiro à povoação boliviana de Guayaramerín”, escreveu o falecido Vitor Hugo em seu livro, Os Desbravadores.
Reivindicando para si outro título pomposo, o de “guardião da história de Rondônia”, o município teve na história da imprensa amazônica um jornal editado em língua indígena, o Txapacura. Guardião, porque reúne os fatos dos primórdios de sua colonização, desde a saga dos pioneiros construtores da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM); à presença marcante da Igreja Católica na colonização de todo o Vale do Guaporé; e às diversas construções do período áureo da extração da borracha e da castanha.
Em 30 de abril de 1912 a população festejou a conclusão da Madeira-Mamoré, que fora inaugurada oficialmente em 1º de agosto do mesmo ano e em outubro, o Governo da Província de Matto Grosso instalara um posto fiscal na cidade.
ANTES, O TREM
Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903, o Brasil comprometeu-se com a Bolívia a construir uma estrada de ferro, ligando os portos de Santo Antônio do Rio Madeira, em Porto Velho, ao de Guajará-Mirim, no rio Mamoré, destinada ao escoamento dos produtos bolivianos.
Os direitos sobre tarifas seriam recíprocos e a localidade foi se tornando conhecida no país com repercussão no exterior. No ciclo da borracha, a extração do látex foi ponto decisivo na vida do município.
A construção da Madeira-Mamoré acelerou o povoamento local e contribuiu com o incremento da agricultura, fomentando o extrativismo vegetal. Deu subsistência à cidade. Três décadas depois, tal qual no Mississipi (EUA), o Guaporé viu chegado o momento de explorar seus caudalosos rios, antevendo-se um futuro comercial de importações e exportações de mercadorias diversas entre os dois países vizinhos.
A linha férrea e todos os serviços da lendária Madeira-Mamoré foram extintos em 1972 pelo Governo Federal e a saudade das antigas viagens só foi diminuída em 1984, quando o ex-governador Jorge Teixeira de Oliveira mandou recuperar locomotivas e vagões, restaurando o percurso de 20 quilômetros entre Guajará-Mirim e o Distrito de Iata, que foi projeto de colonização do Incra.
Fonte: omamore
Foto: Leonardo Mendes