DUELO NA FRONTEIRA E O RESGASTE DO PATRIMÔNIO MUNICIPAL DE GUAJARÁ-MIRIM RO
Após quase uma década, Guajará-mirim retoma sua tradição cultural da festa de boi bumbá.
Elevado no último mês como patrimônio cultural e imaterial do estado de Rondônia, a festa volta a acontecer nos dias 13,14 e 15 de outubro em Guajará-mirim. O duelo na fronteira por anos ininterruptos gerou empregos, renda e proporcionou a população o encontro étnico, cultural e diverso pintado com as cores azul e vermelho. Durante a ausência do festival por todos esses anos, as cores apagadas nas arquibancadas as margens da avenida 15 de novembro vinha de encontro aos olhos dos saudosistas para lembrar que aquele espaço já havia sido palco de grandes manifestações artísticas e hoje se encontrava em abandono.
A festa de tradição desde a década de 80, já teve marcos importantes na construção sócio-histórica do festival. Sendo um deles a própria conquista do bumbódromo em 2009, espaço destinado para que a festa pudesse acontecer. Entretanto, o repasse de verba destinado a cultura do município e manutenção do festival sempre foi uma incerteza. As agremiações flor do campo e Malhadinho mergulhados em crises financeiras pela falta de apoio estadual, se reinventaram juntos aos três grandes pilares que formam o boi-bumbá: a tradição, o sonho e o povo.
Com o apoio da secretaria de cultura, político e de simpatizantes mobilizadores sociais, em 2023 a festa volta a acontecer. O duelo marcará um embate entre as agremiações que defenderão seu tema para se consagrar campeão de 2023.
O boi-bumbá Flor do campo defende os saberes encentrais, fazendo um passeio entre os ensinamentos do passado para renovar os caminhos do futuro. É nesse contexto que o boi da baixa do Tamandaré traz o seu tema Guardiões dos Saberes Ancestrais, considerando a importância de preservar o patrimônio histórico e cultural da nossa gente, uma vez que registra os saberes transmitidos de maneira intergeracional a partir das tradições passadas de gerações em gerações.
Com esse resgate histórico a agremiação vermelha e branca pretende trazer aos dias atuais o percurso histórico trilhado pelo município. Memória que resistem ao tempo e se tornam imortais.
Já o boi-bumbá Malhadinho comemora o folclore Brasileiro. Sendo uma afirmação com o tema: Viva o folclore Brasileiro! A agremiação azul e branca faz um convite para vivenciar a experiencia de viver sob a festa folclórica brasileira que é rica em costumes, crenças, contos e danças.
Com diferentes abordagens, de um lado temos uma agremiação que irá resgatar a construção histórica do município e de outro lado, uma comemoração do folclore brasileiro e como ele se transforma. E mais uma vez haverá um grande vencedor: O público que vai assistir esses dois grandes espetáculos.
A volta do Duelo na fronteira vem para nos lembrar que não nada é tão nosso quanto nosso sonho. Um sonho que nasceu nas mãos das pessoas que tanto lutaram para que a festa pudesse acontecer.
Diante desse apoio engajado, as agremiações torcem para que esse movimento se estenda por todos os anos para que o festival volte a acontecer nos anos seguintes. É preciso estar atento e forte para manter vivo essa manifestação cultural, tradicional e rica em diversidade.
Estaremos engajados para manter vivo nosso duelo na fronteira, que tanto contribui para o desenvolvimento do município de Guajará-mirim. Engajados para que ele seja eterno, como sempre serão eternos, os criadores.
Autor: Wes Humassa
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